Levantamento da Kantar coloca o Brasil entre os líderes em IA e traz indícios do que esperar nos próximos anos.
O Brasil se destaca entre os países que mais incorporaram a inteligência artificial ao cotidiano, segundo o estudo “Connecting with the AI Consumer”, da Kantar, realizado entre abril e maio de 2025 com mais de 10 mil consumidores em 10 mercados globais. O levantamento mostra que 81% dos usuários de IA usaram assistentes de voz, chatbots ou ferramentas inteligentes de compra nos últimos meses, com 76% recorrendo a essas soluções semanal ou diariamente.
Ranking por país
A pesquisa evidencia um contraste entre mercados emergentes e desenvolvidos:
- Índia lidera no uso diário com 67% dos entrevistados.
- China aparece em segundo lugar com 50%.
- O Brasil surge em terceiro, com 46% de uso diário.
- Na Europa, a adesão é bem menor: 18% dos franceses e 14% dos alemães utilizam IA menos de uma vez por mês.
Diferenças entre gerações
O estudo revela que o entusiasmo pela IA é muito maior entre os mais jovens:
- Geração Z (18-27 anos): 83% usam IA com frequência.
- Millennials (28-43 anos): 81%.
- Geração X (44-59 anos): 66%.
- Boomers (60+ anos): 51%.
Enquanto os mais jovens veem a IA como parceira criativa e prática, os Boomers priorizam segurança e privacidade, refletindo uma preocupação crescente com a proteção de dados.
Novos usos emergentes: suporte emocional e bem-estar
Além de funções utilitárias, a pesquisa mostrou que 54% dos consumidores globais já usaram IA para apoio emocional ou mental, seja para motivação, conselhos ou até coaching digital. Entre os mais jovens, esse número é ainda maior: 35% da Geração Z e 30% dos Millennials já buscaram suporte dessa forma. Apesar disso, 70% ainda preferem o contato humano quando se trata de bem-estar emocional.
O que mais atrai os consumidores
- 61% valorizam a velocidade das respostas.
- 48% destacam a criatividade, recorrendo à IA para brainstorming, roteiros de viagem, receitas e rascunhos de e-mail.
- 45% buscam ajuda em decisões práticas, como planejamento financeiro.
- 36% pedem suporte em viagens e 33% em recomendações de entretenimento.
Já em áreas mais sensíveis, como relacionamentos ou networking, o interesse pela IA é significativamente menor, reforçando seu papel de assistente de produtividade.
Confiança e privacidade: barreiras estratégicas
A confiança segue como um desafio central: 24% dos brasileiros manifestaram preocupação com uso indevido de dados pessoais. Globalmente, 22% veem a substituição de empregos como principal risco da IA, percepção mais forte em mercados como Reino Unido, França e África do Sul.
Impactos para marcas e publicidade
Para a Kantar, as empresas que querem integrar IA de forma relevante precisam atuar em três frentes:
- Criar experiências centradas no usuário, que priorizem agilidade, praticidade e criatividade.
- Construir confiança desde o primeiro contato, com transparência total sobre dados e segurança.
- Adaptar-se a diferenças culturais e geracionais, já que expectativas de jovens na Índia não são as mesmas de consumidores mais maduros na Europa.
Do ponto de vista de marketing, os resultados reforçam que a IA deixou de ser apenas ferramenta e se transformou em expectativa do consumidor moderno. Marcas que entregarem velocidade, personalização e inspiração sairão na frente, mas só conseguirão consolidar valor se equilibrarem tecnologia com ética e empatia.
O Brasil aparece como protagonista global na adoção da inteligência artificial, lado a lado com Índia e China. Esse cenário mostra que o consumidor brasileiro está disposto a experimentar, criar e confiar cada vez mais na tecnologia. Para as marcas, a mensagem é clara: a era da IA já não é tendência, é realidade, e exige narrativas digitais mais humanas, criativas e responsáveis.