Sobrecarga, processos confusos e pressão por resultados estão transformando o marketing em um campo minado para a saúde mental.
A rotina de quem trabalha com marketing nunca foi tão intensa. O setor, que já carregava o estigma de lidar com prazos curtos e entregas de alto impacto, agora enfrenta uma realidade ainda mais dura. Segundo um levantamento realizado pela Workfront, consultoria especializada em produtividade corporativa, 94% das equipes de marketing sofrem com caos operacional, vivendo um dia a dia marcado pela sobrecarga, acúmulo de tarefas e falta de processos claros. Essa combinação é a receita perfeita para o Burnout, síndrome que se tornou um dos principais riscos da era corporativa.
O cenário por trás do número alarmante
Não se trata apenas de excesso de trabalho, mas de uma estrutura que favorece o desgaste. Demandas que chegam sem priorização, reuniões intermináveis e a pressão de acompanhar múltiplos canais digitais ao mesmo tempo criam um ambiente de constante urgência. Nesse contexto, os profissionais deixam de ser criativos para se tornarem meros apagadores de incêndio.
O marketing, que deveria ser espaço de estratégia e inovação, passa a ser dominado pela correria operacional. O resultado é um impacto direto na saúde mental dos profissionais, que relatam exaustão, dificuldade de concentração e queda na motivação. Mais do que números, o estudo reflete uma realidade vivida em silêncio por milhares de equipes no Brasil e no mundo.
O impacto para as marcas
A questão não é apenas humana. O Burnout também corrói os resultados das empresas. Times desgastados produzem menos, erram mais e têm dificuldade de sustentar a consistência criativa das campanhas. Isso compromete não só a performance de curto prazo, mas também a construção de marca no longo prazo.
Empresas que insistem em operar sob caos correm o risco de perder talentos, aumentar o turnover e enfraquecer sua cultura organizacional. Por outro lado, aquelas que investirem em gestão de processos e bem-estar terão uma vantagem competitiva clara.
Principais consequências destacadas pela pesquisa da Workfront:
- 94% das equipes de marketing relatam caos operacional, fator que eleva o risco de Burnout.
- A sobrecarga reduz a capacidade criativa e compromete a qualidade das entregas.
- O desgaste aumenta a rotatividade, elevando custos de retenção e treinamento.
- Marcas que equilibram performance e saúde mental se destacam pela consistência.
O que o marketing pode aprender com o marketing
Curiosamente, a resposta para o caos pode estar dentro da própria disciplina. Se marcas investem em clareza de posicionamento, planejamento estratégico e jornadas bem definidas para conquistar clientes, por que não aplicar os mesmos princípios à rotina de trabalho interna?
Organizar fluxos, priorizar demandas e usar tecnologia para automatizar processos não é apenas gestão, mas branding aplicado ao dia a dia das equipes. Afinal, empresas que não conseguem cuidar da experiência do colaborador dificilmente terão autoridade para falar de experiência do consumidor.
Um alerta para o futuro do setor
O número de 94% não pode ser tratado apenas como dado estatístico, mas como um alerta urgente. O mercado de marketing está em transformação acelerada, impulsionado por inteligência artificial, novos formatos de mídia e mudanças no comportamento do consumidor. Nesse ritmo, a tendência é que a pressão aumente.
A questão que fica é: as marcas estão preparadas para criar não apenas campanhas impactantes, mas também ambientes de trabalho sustentáveis? Se não houver mudança de mentalidade, o Burnout pode deixar de ser risco e se tornar regra.