Termo que define conteúdos criados para provocar indignação nas redes sociais foi escolhido pelo Dicionário de Oxford após votação popular com mais de 37 mil participantes.
O Dicionário de Oxford anunciou rage bait como a palavra do ano de 2025. A expressão, que pode ser traduzida como “isca de raiva”, refere-se a conteúdos deliberadamente criados para provocar reações emocionais intensas, especialmente indignação e revolta, nas plataformas digitais. A escolha reflete como a manipulação emocional se tornou estratégia dominante no ambiente online.
A decisão foi tomada após votação pública que reuniu mais de 37 mil participantes, consolidando o termo entre outras expressões que marcaram o cenário digital e cultural recente. A palavra venceu concorrentes como brain rot (deterioração mental causada por consumo excessivo de conteúdo de baixa qualidade), dynamic pricing (precificação dinâmica) e slop (conteúdo de baixa qualidade gerado por inteligência artificial).
O que significa rage bait
Rage bait descreve publicações, vídeos, manchetes ou qualquer tipo de conteúdo projetado intencionalmente para gerar reações emocionais negativas. O objetivo é simples: quanto mais indignação, mais engajamento. Comentários raivosos, compartilhamentos indignados e debates acalorados alimentam os algoritmos das redes sociais, aumentando o alcance e a visibilidade do conteúdo.
A estratégia explora gatilhos emocionais poderosos. Temas polêmicos, afirmações provocativas, desinformação e narrativas sensacionalistas são ferramentas comuns. O resultado é um ciclo vicioso onde a raiva se transforma em moeda de troca digital, beneficiando criadores de conteúdo, marcas e plataformas que lucram com a atenção gerada.
Por que o termo ganhou relevância
A escolha de rage bait como palavra do ano não é coincidência. O termo captura uma tendência crescente no comportamento digital: a polarização como estratégia de visibilidade. Em um ambiente saturado de informações, conteúdos que provocam emoções fortes se destacam, mesmo que sejam prejudiciais ao debate público saudável.
Marcas e criadores de conteúdo descobriram que a indignação gera mais cliques do que a informação equilibrada. Essa dinâmica transformou a comunicação digital, priorizando o impacto emocional imediato sobre a qualidade e a veracidade. O fenômeno também está diretamente ligado ao conceito de brain rot, outra expressão finalista, que descreve o efeito negativo do consumo excessivo de conteúdo superficial e manipulativo.
Principais características do rage bait:
- Conteúdos criados para gerar indignação e engajamento emocional
- Uso de temas polêmicos, desinformação e narrativas sensacionalistas
- Exploração dos algoritmos das redes sociais para amplificar alcance
- Priorização do impacto emocional sobre a qualidade informativa
Impacto na comunicação e no marketing digital
A popularização do rage bait levanta questões importantes sobre ética na comunicação digital. Enquanto algumas marcas e influenciadores adotam a estratégia conscientemente, outras acabam sendo arrastadas para o debate polarizado sem planejamento. O resultado pode ser tanto aumento de visibilidade quanto danos à reputação, dependendo de como a audiência interpreta a intenção por trás do conteúdo.
Plataformas digitais também enfrentam pressão crescente para combater a disseminação de conteúdos manipulativos. O desafio está em equilibrar liberdade de expressão com responsabilidade social, especialmente quando algoritmos amplificam automaticamente publicações que geram mais interações, independentemente de seu impacto negativo.
A escolha do Dicionário de Oxford funciona como termômetro cultural, evidenciando como a linguagem reflete transformações sociais. Ao reconhecer rage bait oficialmente, a instituição valida a importância de discutir os efeitos da manipulação emocional digital e seus impactos na sociedade contemporânea.
A votação popular que definiu o termo demonstra consciência crescente do público sobre essas dinâmicas. Reconhecer o fenômeno é o primeiro passo para desenvolver literacia digital e consumir conteúdo de forma mais crítica e consciente.

